quinta-feira, 8 de maio de 2008

Milho de pipoca


Lá pelos anos '70 eu ainda era um menino (hoje sou um meninão de 51), tinha um hábito muito saudável que cultivo até hoje. Estourar milho de pipoca !!!
Sempre gostei muito de Pipoca. Aqui no Sul do Brasil chamamos assim o milho de pipoca "estourado" na panela. Creio que por todo o Brasil.
Já fiz pipoca no meio da brasa com cinza..... quando se é criança, tudo é festa !
Quem é daquela época sabe como era difícil fazer uma boa pipoca. Cada um tentava uma nova técnica para melhorar a estourada e a qualidade dela....
Os grãos tinham uma ponta afiada quase que como um espinho... tínhamos que debulhar a espiga, deixar secar bem...
Eu pelo menos, ficava de olho no pipoqueiro e cobiçava uma panela daquelas que tinha um cabinho para girar os grãos, sem tirá-la do lugar.
Já adulto, vi surgir no mercado a "pop corn" vinda dos EUA e o milho Argentino, que continua a vir até hoje (uma barbaridade isso !), além do milho de Goiás que andou aparecendo aqui em Curitiba. Não ouvi mais falar dele.
Depois apareceu por aqui e continua até hoje, a pipoca para microondas. Nossa que revolução !!! Até que cansou e voltamos ao método tradicional, muito mais saboroso.
Hoje com tantos anos de experiência, consigo fazer uma boa estourada de milho de pipoca. Uma boa dica é usar óleo de Milho; fica mais macia que Canola. Você deve saber que estoura-se pipoca até com margarina.... mas....
Quando chegaram os primeiros fornos de microondas, eu trabalhava na Philips e eles trouxeram alguns da Itália para testes. Faziam bolos, assados, etc. Como ele ficava no departamento em que eu trabalhava, logo o pessoal foi perdendo o interesse nele (isso em 1975). Um belo dia eu tive a grande idéia de estourar pipoca nele... Eu estava só, o pessoal viajou... Imagine!
Peguei um cinzeiro de vidro (bem grosso; devia pegar 1kg), coloquei alguns grãos ali (só os grãos, sem óleo) e liguei o "trem". Passou um tempo e nada. Mandei ver "novamente" umas três vezes. Na quarta o cinzeiro explodiu !!! E os grãos, você pergunta? Continuaram intactos !!! Não sentiram falta do cinzeiro-ufa! Nunca mais mexi naquele forno. Se eu soubesse lá, o que sei hoje, teria estourado muita pipoca em microondas. Teria me tornado um pioneiro; pelo menos no Brasil; foi por muito pouco.
Na minha infância eu convivi com um milho escuro, cujo grão estourado produz uma pipoca miúda, mas com um sabor inigualável.
Tentei de várias formas preservar isso e tive muitas dificuldades, pois sempre dependia de terceiros. Agora que meu pai mora na minha chácara com sua mulher Maria (minha segunda mãe Maria), eu consegui com a ajuda dela, plantar e colher. Foi pouco, mas dá para dar continuidade e não perder de vez essa herança das terras brasileiras.

Imbuia, árvore nativa do Brasil

Ocotea Porosa = Imbuia

No Brasil até os anos '80, fabricava-se muitos móveis com madeira de Imbuia [principalmente no norte do estado de Santa Catarina], mas próximo de 1990 começaram a surgir os móveis mais claros, usando-se lâmina de Cerejeira, Mogno, Marfim...
A Imbuia, um tipo de Canela, com o passar do tempo escurecia. Chegava mesmo a ficar preta. Aqui no Sul tínhamos uma grande empresa, e ao que me parece era uma bela empresa, exportadora, chamada de CIMO. Aindo tenho cadeiras com o encosto encurvado [compensado] produzidas naquele tempo.

O mercado começou a ser pressionado pela proibição na extração desse tipo de madeira, como pela preferência do consumidor em móveis de tom mais claro, o que deixava o ambiente mais "leve".
Muitas pessoas tem-na com carinho especial. Sua raiz contorcida [rádica] foi usada para móveis mais "nobres" ou aqueles de custo mais elevado, já que era algo mais "artístico". Tinha sua cotação em "US$ dólar", o que dava um status ao material.
Até pouco tempo atrás (estamos em 2008 - isso lá por 2002) ainda tirava-se Imbuia ali pelas bandas de Guarapuava-Pr.
Cheguei a ver árvores centenárias, onde eram mencessárias várias pessoas para juntos "abraçá-la". Em Rio Negrinho-SC, vi muitos troncos no campo (pasto), cujo tamanho tiravam "suspiros" de quem os via, principalmente quando se é alguém que valoriza a vegetação e espécies tão especiais. Aquilo eram árvores muito antigas, muito grossas. Os proprietários do local, montaram um forno e estavam fazendo carvão das raízes....Hoje ali existe um reflorestamento de Pinus.
Em Curitiba-PR (onde resido), há um bairro (onde moro), chamado: Capão da Imbuia. Vejam só que nome sugestivo. Imagino como seria esse bairro antes do homem botá-lo no chão. Vejam a foto do bosque, dá para se ter uma idéia...
Essa foto é da parte traseira, dos fundos do Bosque:

Lá no bairro tem um bosque, não muito grande, cercado e zelado pela Prefeitura, cuja ênfase está nas Imbuias, mas o que predomina são os pinheiros Araucária.
Para minha surpresa, numa das minhas andanças pelo bairro, descobri: um terreno com dois pés de Imbuia; um em cada frente ou um em cada rua. Vejam a foto.
Em tempos onde se fala muito na biodiversidade, bem que a Prefeitura de Curitiba podia usar um pouco mais marketing e plantar Imbuia por todo o bairro. Iria valorizar demais o local.
Quero aproveitar para parabenizar os moradores do Capão da Imbuia, pelas árvores que já foram plantadas ali e que hoje já possuem um porte avantajado. Mais uma prova de que a população não precisa ficar esperando pela vontade de alguém do poder público. Que outros sigam o exemplo. Parabéns !



Achei na web a foto de um tronco cortado, de uma árvore muito velha. O arquivo era pequeno e tentei melhorar o máximo que pude. Está na cidade de Brusque-SC. Deve ter cerca de 2m de diâmetro.
Essa outra tora de Imbuia é de 1974. Não é tão recente, mas também não tão velha.